por Larissa
Carolina Loureiro Villarroel
A aceleração da perda de
biodiversidade tem contribuído para o aumento do interesse pelo nexus
florestas-biodiversidade-desenvolvimento nos últimos anos mundialmente, sobretudo
quando exploradas as discussões sobre o
papel das florestas como elemento de estabilização do sistema climático global
e seu papel em processos adaptativos de comunidades vulneráveis.
Trabalho recente da WWF, o Living Planet Index (Índice do Planeta Vivo), que monitora quase 4.000 populações de fauna
silvestre mundial, aponta para uma queda geral de 27% nas tendências
populacionais entre 1970 e 2005, movimento registrado conforme Gráfico de perda
de biodiversidade abaixo.
.
Verifica-se que os sistemas
biodiversos estão expostos a várias formas de perturbação que ameaçam a sua
integridade e capacidade de reprodução. Dentre as ameaças que requerem medidas
urgentes de gestão ou proteção se encontram a conversão de florestas para o
desenvolvimento de atividades agrícolas e outros usos, a extração ilegal e não
manejada de madeira, o tráfico de animais e componentes genéticos e as
alterações provocadas pela mudança do clima.
As florestas
são importante elemento na manutenção e promoção da vida humana e do planeta.
Os estoques florestais são responsáveis pelo fornecimento de serviços
ambientais essenciais ao suporte à vida (ciclagem de nutrientes, produção
primária – fotossíntese e formação do solo), abastecimento (alimentos, ciclo
hidrológico, produtos madeireiros e não-madeireiros), regulação (clima, doenças,
diversidade biológica, entre outros).
Além disso,
boa parte dos setores produtivos está direta ou indiretamente ligada ao binômio
biodiversidade e florestas. Destacam-se a indústria de base, que tem grande
dependência do carvão vegetal como fonte energética e a agricultura, que
depende dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelas florestas, tornando a base
florestal componente vital para estruturação da organização social humana sob o
atual sistema econômico. Há uma tendência global de se
considerar o valor de ativos ambientais e a necessidade de incorporar os mesmo
a indicadores econômicos.
Até
muito recentemente, os serviços ambientais oferecidos pelos componentes
florestais e de biodiversidade eram considerados bens públicos e explorados
como um produto sem valor econômico, levando a uma distorção da realidade
econômica e destruição de parte considerável do pool de biodiversidade mundial.
Inclusive, levando a alguns cientistas a indicarem que a Terra passa pelo 6º
movimento de extinção em massa; o primeiro de causa puramente antropogênica.
Há
consenso na comunidade científica de que o período recente da história do planeta,
denominado por alguns de Antropoceno, tem sua maior característica reforçada a
partir do século XVIII: intensificação dos impactos das atividades humanas
sobre o clima (link para o texto da Cris) e funcionamento dos ecossistemas
terrestres.
Instrumentos
como o REDD+ ( Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal),
criado para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus
resultados no combate ao desmatamento e à degradação florestal e na promoção do
aumento de cobertura florestal, e a ampliação de Programas voluntários e
governamentais de pagamentos por serviços ambientais podem ser iniciativas
importantes para promoção da proteção da biodiversidade, das florestas, além de
terem a possibilidade de distribuir benefícios sociais para populações
tradicionais.
Ainda
não há consenso sobre a efetividade de instrumentos econômicos para a promoção
de uma agenda de desenvolvimento sustentável no setor florestal, mas esse
parece ser um campo fértil para a exploração de novas abordagens de políticas
públicas que busquem a convergência para o binômico meio ambiente e desenvolvimento.
Neste
sentido, os governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento devem mudar
seu paradigma de desenvolvimento econômico, para um desenvolvimento que seja
equilibrado e inclusivo.Reconhecer
o valor das florestas e da biodiversidade enquanto capital natural e atribuir
valor econômico é o primeiro passo para essa mudança de paradigma.
Investimentos
estratégicos em uma economia verde que fomente o crescimento do setor de
florestas e biodiversidade são oportunidades para as comunidades locais; bem
como a manutenção e ampliação de iniciativas e programas de conservação, tais
como a ampliação da criação de áreas protegidas, como forma de garantir a
preservação de espécimes e dos sistemas biodiversos.
Saiba
mais:
Kolbert, Elizabeth. The Sixth Extinction:
an unnatural history. New York: Henry Holt and Company, 2014. 319p.
McDermott, Constance; Cashore, Benjamin William; Kanowski, Peter. Global Environmental Forest Policies: An
International Comparison,2010.393p.
Heiman,
J; Hoeflich, V. O Processo de Descentralização da Gestão Florestal Brasileira a
partir da Lei de Gestão de Florestas Públicas - Lei 11.284/06. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 43, n. 3,
p. 453 - 462, jul. / set. 2013 2013.
SRINIVASAN, U.T. et. al. 2008. The
debt of nations and the distribution of ecological impacts from human
activities. PNAS
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